domingo, 8 de agosto de 2010

TODO TEMPO DE ELEIÇÃO...

. . . E o tempo está chegando.

Numa dessas viagens que faço a Maceió, como qualquer outra viagem que faço, procuro estar atento as pessoas com quem convivo durante o percurso. Sou mais de observar, mas vira e mexe alguém do lado acaba puxando uma conversa, seja com você ou com outra pessoa vizinha de poltrona. Observo tudo. Procuro não opinar até que seja incitado. Gosto de observar seus pontos de vista, sua forma de encarar a realidade seu jeito de criticar e reivindicar algo.

O assunto que rolava durante a viagem não podia ser outro. Era o mesmo que ouvimos diariamente nos telejornais, nas rodas de conversas, bares, na escola, enfim, em qualquer lugar onde se encontrem reunidas duas ou mais pessoas: a violência que aterroriza este país.

Cada um tinha um comentário a fazer, um caso para relatar e até propuseram algumas medidas que, segundo eles, ajudariam a reduzir os índices de criminalidade e violência. Mas não é sobre a violência, ou pelo menos sobre esse tipo de violência que quero falar neste artigo.

Enquanto debatíamos a violência, uma música tocava como pano fundo. Era a trilha sonora que embalava nossa conversa. Coincidência? Talvez. Parecia que aquela música havia sido escolhida de propósito. Ela tocava numa emissora de rádio fm, não num cd. Isso significa que não a escolhemos. Sua letra era simples, mas riquíssima em informações e parecia querer nos direcionar a uma nova reflexão.

Parei um pouco de conversar e concentrei minha atenção na letra da música. Não deu para ouvir muita coisa, mas consegui decorar o refrão que transcrevo agora para que o leitor entenda do que estou falando. Eis o refrão: “Todo tempo, todo tempo de eleição, lá em casa não faltava nem farinha nem feijão”...

Foi inevitável fazer uma relação da música com a violência da qual estávamos falando. Parecia que ela estava querendo nos dizer que tudo aquilo que estávamos discutindo tinha uma fonte onde se encontravam os maiores responsáveis por grande parte do que acontece de ruim neste país. Estou me referindo a um conjunto de assaltantes do erário que integram as esferas da administração pública. Eles estão presentes em todos os níveis do sistema político brasileiro como as câmaras e assembléias legislativas, as prefeituras, os palácios dos governos estaduais, o senado e até na presidência da república onde a malandragem política se encontra e seus componentes se deliciam com os manjares que lhes são ofertadas pelo povo.

O voto, principalmente no interior do país é uma fonte de negócio lucrativo que mantém no poder políticos corruptos e sem escrúpulos que descaradamente compram o voto de gente desprovida de recursos financeiros, de educação, de alimentação, de moradia, de saúde. São pessoas que, diante de uma necessidade imediata vendem sua dignidade, seu direito a uma vida melhor. Isso é ou não é uma violência?

O período político é tempo em que não só não faltam a farinha e o feijão, mas também faltam à segurança, a educação, a saúde, o saneamento básico.

Em outro trecho da música ouve-se que é somente nesse período, o das eleições, que “pobre vira gente e tem valor”. È assim que funciona a política [gem] brasileira, é a prática da grande maioria dos maus políticos. È nessa época que dá atenção ao povo beijam-lhe as mãos, os pés e ainda comem a farinha e o feijão do pobre.

Não conheço o autor da letra, mas ele foi muito feliz ao escrevê-la. Espero que essa música seja o grande sucesso das próximas eleições e o primeiro lugar nas paradas musicais e na mente do povo. Que seja um instrumento de reflexão e que as pessoas percebam porque somente nesse período são tratados como gente e combatam nas urnas esse tipo de violência. Todo tempo de eleição...



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